Menino de rua

Deitado no banco ao relento à espera de um mimo
Um desabitado menino
O frio o faz encolher-se todo de joelhos na cabeça

Na praça as crianças “normais” se divertem
Enquanto do banco ele a tudo assiste.
Vontade de ir lá ele sente...

Sua única companhia é o tubo de cola cheira todo dia, ao invés de ir pra escola
Briga, tem quase todo dia...
E, se não fosse por “bola” seria por cola

Quando cheira se sente mais afortunado
Parece que sai deste mundo infeliz e se vê como uma criança qualquer.
Indo à escola brincar de bola, sem cheirar cola
Mas ao acordar dessa viagem...
Depara-se com sua realidade
De novo no banco, encolhido e deprimido.

Sua única solução:
é a cola
(para)
Se vir, brincando e jogando bola.

Vou-me embora daqui!

Vou-me embora daqui, mas não é pra Pasárgada ,
pelo contrário, estou fugindo de lá, pois não sou amigo do rei,
sou amigo das prostitutas, elas sim me entendem.

O rei quer minha cabeça,
e eu nem sei o por quê.
Eu pensava que lá era meu refúgio,
mas na realidade era meu exílio,
lá parecia que eu mordia os dentes. Comigo entre eles.

Foi lá que descobri que a vida não é tão bela,
pelo contrário, é um mundo ilusório.
Hoje eu digo: estou de volta, consegui finalmente,
nunca o rei irá me achar.
Trouxe duas prostitutas comigo,
pois elas sim me entendem. O rei.
O rei não.

Que mundo é esse?

Vivo num mundo de ilusão,
Onde uma hora parece tudo estar perfeito.
E outrora tudo não passa de solidão.

Que mundo é esse que faz brinquedo de você?
Que mundo é esse que faz você sofrer?
Isso não é um mundo, o mundo não te engana não te esgana
Esse mundo é simplesmente você.

Quase

Vida infecunda é essa do quase,
Quase que eu consigo, mas não deu,
Tentei, mas não fui a fundo.

Corri atrás, cansei simplesmente não deu.
Vou vivendo meio que despreocupado
Também muito desanimado.

Quase que consigo perdurar (quase)
Porém a vida não me deixou alcançar,
Desistir? Jamais, tentarei muito além disso,
Vou continuar, pois sei que persistirei.

Até conseguir um dia, quem sabe?
Enquanto isso prosseguirei
Vivendo essa vida do quase.
Mas de cabeça erguida Com força e vontade, até vencer.

O meu próprio ser

Escrevo numa noite calorenta e sombria,
Não tenho muito a fazer, estou com medo,
Pra falar a verdade não sei de quê.

Pode ser da morte, pois gosto de viver,
Mas não sou tão velho pra morrer,
Embora os jovens estejam morrendo mais cedo.

Parece que está ficando mais escuro a cada segundo,
O tempo ta fechando, mas o calor está apertando,
Será que estou sonhando?

Não. Não é sonho, é só a brisa quente que rola no ar,
Acho que está fazendo-me alucinar,
Minha mente também está fechando.

Paro no ar, mas não consigo enxergar,
Meus olhos ardidos e frágeis, nem conseguem abrir.
Acho que vou fugir. Fugir pra nunca mais voltar (quem sabe).

Fugir primeiro de mim,
Eu sim sou meu maior inimigo.

E quando me libertar, aí sim posso voltar,
Pra poder realizar tudo deixado pra trás,
Voltarei com força e vontade,
Pra mais nunca fugir da verdade.

Uma verdade que me corrói,
Uma força que me destrói,
Essa coisa que me faz parar de ser,
O que jamais pensei esquecer,
O meu próprio ser.

Amor em luto

Eis uma vida amarga, sem alegria,
Mas nem todo sempre foi assim,
Antes era só felicidade,
Andar nas praças, contar piadas.

Mas como num sonho, tudo acabou,
A vida, os sonhos. A felicidade.
Parece que tiraram o meu chão.

Isso tudo parece injusto, mas será que Deus tem razão?
Levou mais um anjo para fazer parte de sua família,
De dúvidas meu coração enche-se,
Mas não sei se Ele teve tanta razão.

Ainda não consigo acreditar que ele me tirou meu amor,
Tantos sonhos e tantos planos. Mas a vida realmente é injusta.
A hora de chorar já passou, mas a de viver recomeçou.
Ela foi embora, mas me deixou toda glória.

A vontade de viver parece não existir, mas devo persistir,
Pois ela só queria ver- me sorrir,
Triste continuarei, em meu coração a guardarei,
Pra toda a vida lembrar-me-ei de tudo passado juntos.

Sei que estás com Deus, mas a ficha não caiu (ou não quer cair)
Um dia nos encontraremos, quem sabe até lembraremos
De tudo passado entre nós, mas o que mais importa é que estás em paz
Em vida ou em espírito, lembrarei sempre comigo. (Te amo).

Ser Humano

Engraçado como o ser humano está sujeito a mudanças,
Mudanças de nomes, opiniões, de rotina e até de retina.
De manhã quer café pro jantar, no jantar quer leite pro café.

Muda-se de partido, de religião e até mesmo de patrão,
Muda-se de roupa, de casa, de carro e de marido.
Pois não é que tão mudando até de @#%$&*!

De manhã fã de Flausino, a noite já é mais Los Hermanos,
Opiniões diferentes, mundos divergentes, mas pessoas incandescentes,
Num dia é vascaíno, noutro é fluminense, mas sempre estão contentes.

Numa hora quer loira (o) noutra quer morena (o), mas sempre estão em cena.
O ser humano consegue viver a tudo isso, mudanças, opiniões, indecências,
Só não consegue viver sem uma coisa. Sem: divergências.

Simplesmente a vida

Vivo num mundo de perdição
Onde nem sei o sim e o não.
A vida pode ser o agora,
Mas também pode ser outrora.

O que é a vida na realidade?
A vida pode ser um sonho e pode não ser nada.
Só sei que a vida é um enigma
Um labirinto sem saída.

A vida pode ser uma cochilada,
Mas também pode ser uma despertada,
Então pode-se dizer que a vida é uma grande cilada.

A vida pode não ser nada,
A morte pode ser a vida e vice-versa
A vida sendo um grande sonho,
Se eu morri eu acordei,
Se eu acordei eu morri.

A dúvida ainda perdura,
Vou vivendo sem acordar.
Espero que quando este dia chegar,
Eu simplesmente não mais esteja lá.

PENSAMENTO EFÊMERO

Vejo-te todos os dias em meus pensamentos,
É como se eu me sentisse completo ao pensar em ti,
A respiração fica intensa o coração bate mais forte
Ah! Quanta saudade dos bons e velhos tempos
As lembranças fluem na cabeça naturalmente
Um ar de paz e felicidade rodeia minha vida
Tudo fica tão calmo, tão cheio de paz.
Mas esse pensamento vai-se com o tempo,
Novamente fico a ver navios sozinho
A vida já não é tão calma e tão feliz,
Mas, pelo menos por um simples “pedaço” de tempo
Todos os dias a felicidade da velha lembrança bate em minha porta
Com o pensamento efêmero de uma vida conturbada.