Retrocedĕre

Quanto mais ando, mais parece que me distancio, (do local desejado)
Olho pra frente e só consigo ver a neblina que sai da minha própria mente,
Neblina essa que me segue à vida toda, que me cega por toda vida.

Um filme passa em minha mente, mas esse é diferente,
Nele eu apareço contente e estou indo adiante,
Não ando pra frente e me vejo retroceder como de costume.

Mas é só um filme. Acho que nasci com os pés virados,
Vejo em minha neblina algumas mensagens,
Mas não consigo decifrar, será minha vida que se passa por lá?

Acho melhor não andar mais adiante, seguindo essa constante,
Prefiro voltar, se seguir não chegarei, se chegar não ficarei,
Pois minha vida foi feita pra regressar,
Como uma fita rebobinada, como uma página de um livro virada ao revés.

Como poderia seguir se minha mente não me acompanha,
Nem meu coração me apanha.
A minha mente fez um pacto com meu coração,
Ela me enrola nas idéias e ele me viola na paixão.

Sem forças a única alternativa é continuar a retroceder,
Ao âmbito que me espera,
Com as únicas coisas que me restam,
Uma mente usurpadora e um coração que se deixa levar pela mente.
Sem pensar e sem amar.



Autor: Igor Monteiro.