sábado, 2 de agosto de 2008

História de um menino de rua parte 2

Depois de alimentado, fui procurar um lugar para passar a noite, logo mais na frente avistei um viaduto, onde pernoitei com outras pessoas na mesma situação que eu. Lá demorei a dormir, e nesse tempo em que fiquei acordado, conheci um homem, com quem conversei durante muito tempo, o homem já meio velho, se chamava Leôncio, dizia ele que tinha 43 anos, e que nem toda vida dele foi miséria, ele me disse que tinha trabalho e família, mas que a bebida tomou tudo dele.
Aquele homem foi uma espécie de pai pra mim, para todo canto que ele ia eu ia junto, ele foi um conselheiro pra mim, ele tinha deixado de beber, mas não tinha como voltar a sua vida antiga, ele me ensinara que para eu ter alguma coisa não era necessário eu roubar, eu poderia conseguir com outras formas, como: pedindo ou trabalhando no que pudesse para poder pagar e foi aí que a minha vida vinha tomando um outro rumo.
Leôncio me ensinou a ler e escrever, no início eu pensava que ele era um louco e que ele mentia sobre sua vida passada, mas com o passar do tempo fui vendo que ele realmente foi o que dissera, ele era professor de história, tinha uma mulher linda e dois filhos, mas o vício na bebida foi cada vez mais o degradando e separando-o da família, até ele ficar no estado em que se encontra.
Na rua tem muita gente ruim, mas também tem muita gente bondosa querendo ajudar o próximo, Leôncio foi uma espécie de anjo da guarda para mim, pois se não tivesse conhecido ele, estaria com certeza, roubando, usando drogas, mas com ele aprendi que só por que sou morador de rua, não tenho que querer ser um e sim lutar para deixar de ser e lutar para ter uma vida digna e honesta.
Mas nem tudo era flores, pois tínhamos que perambular pelas ruas, pedindo comida e depois ao chegar a noite tínhamos que procurar algum lugar para dormir, onde as vezes não conseguíamos fazer nenhuma das duas coisas, nem comer nem dormir. Um dia perguntei ao conselheiro, assim que gostava de chamar o Leôncio, de conselheiro, se ele não tinha vontade de se reencontrar com sua família e tentar reconstruir uma nova vida, e sua resposta foi estarrecedora, ele me disse que sua família agora era as pedras em que pisava, pois ele andava sobre elas durante o dia para procurar comida e dormia sobre elas para descansar o dia cansativo que acabara de ter, mas que tinha saudades de sua antiga família, que todos os dias lembrava-se de seus filhos e esposa, querendo saber como eles estão, se eles lembram dele, mas com o passar do tempo ele volta a vida real e segue seu destino.
*Obs: Continua.

Um comentário:

Anônimo disse...

amei a história, queria saber se eu poderia fazer um livro com sua história.. posso ??

 
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